segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amor de pai (Paulo Sérgio)

Certo dia um filho cansado da vida que levava disse ao seu pai:
- Pai quero seguir meu caminho. Cansei de viver em casa
Com muita tristeza o pai respondeu ao filho
- O que você precisa meu filho?
- Nunca lhe pedi nada pai, pois, o senhor sempre me deu tudo, e esta é a primeira e última vez que lhe peço dinheiro, pois, quero iniciar minha sozinho.
O pai sem questionar os motivos, atendeu ao pedido do filho, mas, com grande dor no coração.
No outro dia, de manhã bem cedo, o rapaz fez as malas, tomou café com seus pais e se despediu. Uma dor rasgou o peito de seu pai, mas não podia fazer nada, pois, era a vontade do filho.

Ao sair no portão, o rapaz deu uma ultima olhada pra traz, e lá estavam seu pai e sua mãe na porta de casa esperando que ele mudasse de ideia, mas ele partiu. Quando entraram em casa sentiram um vazio imenso, pois ele era um filho muito amado.
Muito tempo depois, aquele jovem estava bem diferente do que era. Além de estar longe do aconchego do lar e dos braços dos pais, estava sem dinheiro e sozinho, pois, tinha gastado tudo com festas, bebidas e mulheres.

O tempo foi passando, e nada de novo acontecia em sua vida. Seus amigos se afastaram, sua saúde ficou debilitada e se tornou um miserável.
Numa noite de lua cheia, ele foi a um pier, onde haviam várias embarcações, e olhando o mar, lembrou-se da vida que outrora levara.

Hoje não passava de um jovem maltrapilho, angustiado e de coração partido. De vez em quando, vinha em sua mente a imagem de seus pais, e os momentos felizes que vivia ao lado deles. E foi então, que começou a sentir falta do tesouro que havia deixado para traz. Vinha em sua mente as brincadeiras que faziam juntos, as viagens, as festas, a reunião de família durante o café da manhã e as refeições com fartura.
Sua casa antes acolhedora e aconchegante, hoje, era fria, insegura e sem amor. Pois vivia errante pelas ruas, onde impera o ódio, a dor e a desconfiança.
Seus pensamentos antes alegres, hoje eram norteados pelo desejo de morte.
Até que um dia, sentiu em seu coração o desejo de voltar ao lar definitivamente, mas, ao mesmo tempo tinha medo de não ser aceito, devido a sua ingratidão.

Depois de muito pensar, finalmente tomou sua decisão. Assim, de mãos vazias, sem roupas decentes e faminto ele retornou a sua antiga casa. A ansiedade em seu coração aumentava, quanto mais se aproximava do local onde morava, e em seus lábios murmurava uma dúvida cruel:
- Será que meu pai me ama como antes me amava?
Finalmente ele chegou no bairro onde morava, ninguém que passava por ele o reconhecia, pois, estava muito diferente.

O lugar estava muito quieto, mas, quando avistou a sua casa, seu coração acelerou, pois, de longe pôde conhecer seu pai, que regava o jardim com atenção admirável. Ao tirar a atenção das flores e virar para olhar a rua, aquele homem de coração triste não pode conter sua alegria ao ver seu filho novamente. Jogou no chão o que tinha nas mãos, e como uma criança, saiu para abraçá-lo. Foi um dia de muita felicidade para a família. Ele foi recebido de uma forma que nunca podia imaginar, tal, como nunca tivesse saído de casa. E com lágrimas nos olhos, aquele rapaz falou aos ouvidos de seu pai:
- Jamais deixarei os seus braços outra vez.